terça-feira, 20 de setembro de 2011

COLUNA DO JORNAL "O ESTEIENSE"


Na semana que passou, tive um pequeno texto publicado no jornal "O      Esteiense" (vinculado ao Sindicato dos Servidores Municipais de Esteio) , nele faço um convite para que os leitores me ajudem a construir a próxima coluna. Minha intenção é de falar sobre a educação infantil dentro da cidade, sem falar em números (ou será que deveria?), gostaria de poder falar de práticas exitosas, de movimentos importantes no que se refere à educação e cuidados das crianças na escola de educação infantil. Então vamos lá! Espero o mesmo movimento que obtive com o texto referente a Greve em Esteio. Deixo aqui o texto da primeira coluna e peço que não esqueçam de comentar!



E a Educação Infantil? O que sabemos sobre ela?
Por Marisete Schmidt*

            Quando fui convidada pelo Sindicato para escrever nesse espaço, fiquei dias me perguntando de onde deveria partir, o que escrever a respeito da educação infantil. Justifico minha preocupação pelo fato de ser a Educação de crianças pequenas algo ainda em construção (e diria até desconstrução).
Em cada escola e em cada turma de crianças percebe-se olhares diferenciados para tratar dessa chamada “educação”. Penso que esses olhares vão depender da visão de infância que cada profissional mantém dentro de si. E já poderia terminar esse texto aqui, chegando ao ponto de (re) lembrar que a educação infantil é o professor viver a infância junto com a criança, tornar o tempo que ela está na escola prazeroso, esquecer o controle de corpos (“fiquem sentados”, “brinquem somente no tapetinho”, “não pula fulaninho”), liberar os movimentos, as falas, exercitar a escuta sensível, conversar com a criança!
Mas ao seguir esse texto penso ser importante convidá-los a pensar em como a criança permanece quase 12 horas dentro de uma instituição de educação coletiva? Quais as visões que recaem sobre elas?
Enquanto profissionais ainda estamos lutando para entender a temática educação x cuidado. E assim, não é difícil percebermos ações extremamente escolarizantes e focados no interesse do adulto (muitos ‘trabalhinhos”, tudo deve ficar registrado, a criança tem que atingir os objetivos propostos pelas suas professoras, pautados num projeto da Escola). Onde estão os objetivos da criança? Quando ela chega na escola e propõe o que gostaria de fazer naquele dia?
Há também as turmas (geralmente das crianças menores de 3 anos) em que o cuidado ocupa todo o tempo e todas as energias das profissionais, logo não sobra espaço para um brincar com a interação do professor e nem para um cuidado mais pensado. E daí explico novamente: o cuidado na educação infantil vem a ser um fator muito importante, ele acontece o tempo todo e acoplando-o com o que chamamos de “educar”  deve ser mais pensado! Não separamos o cuidar das atividades prazerosas ou de momentos mais livres, então esse cuidar não pode servir de desculpa para não aproveitarmos mais o tempo junto das crianças. Se uma criança precisa de uma troca de fraldas e por conseqüência de um banho, o professor pode fazer desse momento, um espaço para conversar com a criança, para brincar, para escutá-la (não somente através da fala, mas também dos olhares, gestos e até do silêncio!). E essa troca de fraldas e/ou banho deve aparecer da algum modo nos meus registros de professor.. O que eu pensei sobre esse momento? Com certeza não há tempo docente para tantos registros, mas o educador tem que ter em mãos o que justifica suas ações com as crianças. O meu cuidar/educar deve ser visível quando ao limpar o nariz de uma criança eu lhe convido para essa ação, ou quando eu lhe aviso que vou limpar o seu nariz, sem tornar aquele ato mecânico ou rotineiro, dando para a criança a consciência do que está acontecendo.
          E é isso que vem se debatendo, a respeito da educação infantil... Que ela seja um espaço de bem-estar, de experiências prazerosas, de conquistas e descobertas. Sendo o seu professor, uma pessoa que irá (re) pensar as minúcias do cotidiano, tornando agradável esse ficar 12 horas longe de sua casa, mas num ambiente acolhedor e pensado para ela.
          Para a próxima coluna: Como anda a educação infantil em Esteio? O que temos visto nas nossas escolas? Convido-os a interagir com essa colunista ( e construir nossa próxima conversa) através do blog:
Deixem seus comentários!

*Marisete Schmidt é pedagoga e professora da Emei Raio de Sol desde 2004.